Escrita
Ah se escreverei!
Claro que escreverei.
Que caída a lida
sobrevive o coração.
E não farei poesia para o convívio dos homens
farei é versos perigosos, brutais!
Nem aquele Homero nem o tal do Carlos Drummond são religião minha
– que nada sei de religião –
são minha ciência.
Eu no mundo por entre as coxas de mulheres:
sempre novidade – que se abre ao toque.
Ah se escreverei!
Na folha(!) e não lamentarei navios
que não são meus!
Se escreverei?
Oras! SÃO ESTAS AS MINHAS PALAVRAS!
E nada quero do eterno
o quero longe gente, longe.
Será que um homem não pode viver mais neste mundo?
Se escrevo? Claro que escrevo
e escrevo cada trabalho simples,
cada beijo apaixonado.
Depois muda a semana
e volto ao trabalho
cotidiano e às horas.
Que diabos precisa mais o homem?
Não é faculdade dele viver cada dia
e a cada dia fazer as tarefas de homem?
Sem chorar.
Sem lamentar.
Sem praguejar.
Que já foi feito pelos delicados
E de nada adiantou.
A vida é bravura.
Em carne, nos ossos, tudo.