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Arquivo mensal: abril 2024

Divulgação oficial da editora

INÍCIO da campanha de divulgação da Caravana Grupo Editorial sobre o livro:

“A EDUCAÇÃO DO PAI”

5º livro desse pobrezinho que escreve aqui.





Texto de Demétrio de Azeredo Soster – Poeta e prof. Pós-Doc na UFS.


Onde comprar:
https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/a-educacao-do-pai/



Instagram da editora:
@caravanagrupoeditorial
Instagram de Demétrio:
@demetrio_de_azeredo_soster
Instagram do autor:
@gustavo.goulart.5

 
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Publicado por em 30 de abril de 2024 em Livro, Where to buy

 

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Semifinalista no prêmio “Prata da Casa” – 2024.



ACERCA DA POESIA

Não há o que pôr na poesia. Tão estúpida é a poesia…
Fica tudo melhor em prosa, em mídias digitais, fitas,
televisão, cinema, música e pintura. Poesia? Ah! Que
importa a poesia? Não é caso de preconceito… É de
inadequação: o texto poético não serve. Não para tudo
do jeito que está. Cães sem tempo do latir, abelhas sem
tempo de mel, árvores sem tempo de sombra, homens
sem tempo de morrer, aves sem tempo de céu. Horário
digital pra acordar, vazio, excesso. A cabeça não
comporta. Como a poesia não comporta.

Lembro até do tempo em que a poesia servia. Havia um
frio mais forte na cidade. Havia um calor mais forte.
Havia uma cidade. Sempre havia. Havia um sonho. Feito
de outro sonho. Que se dividia em dois: um estático e
outro rio. Havia meninas de vestidos macios. Havia
meninas nas ruas. Todas de vestidos. Leve algodão-doce
eram os vestidos… Ao tocá-las vestidas como tocá-las
nuas.

Hoje – tudo em mídia prosa – há uma rosa morta na
rua. Há uns olhos tristes, presos, “não com remédios mas
com a ausência que a tudo povoa
”*. Há homens em
discos. Não há homens com papel.





*Edimilson de Almeida Pereira, “Agonia e Sorte de Stela do Patrocínio”.  In Zeosório Blues (Poesia reunida vol. 1).

 
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Publicado por em 30 de abril de 2024 em Novo Texto, Texto

 

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Deguste direto da nova recolha…




Escrita

Ah se escreverei!
Claro que escreverei.
Que caído o signo
sobrevive o coração.

E não farei poesia para o convívio dos homens
dos ônibus lotados; da polifonia em pacotes
Farei versos danosos, brutais!

Nem aquele Grego
nem o tal Latino
nem o Português
são religião minha!
 – que nada sei de religião –
Minha ciência?
Sou eu entre as pernas de uma mulher.

Ah se escreverei!
E não lamentarei navios…
que já há naufragados de tantos atos!

Se escreverei? Oras!
Haec sunt verba Gustavus Goulartii!

E nada quero das profecias!
as quero longe gentes,
bem longe de mim.

Um homem não pode mais viver?

Se escrevo? Claro que escrevo – 
em cada nota de música
um beijo apaixonado.

Depois muda a semana
e a manchete é outra.

Que diabos precisa mais o homem?

Não é faculdade dele viver cada dia
e a cada dia fazer as tarefas de homem?

Sem chorar.
Sem lamentar.
Sem praguejar.

Que tudo isso já foi feito…
E de nada adiantou.

A vida é bravura
carne
ossos
veias
 
tudo





@gustavo goulart

 
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Publicado por em 21 de abril de 2024 em Livro, Novo Texto, Texto

 

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ESBOÇO: “conjunto dos traços iniciais, geralmente provisórios, de um desenho, de uma obra de arte”. (Fonte: Oxford Languages)

“A Educação do Pai”. Caravana Editorial e Caburé Libros.




“Em “A Educação do Pai” cresceu mais um degrau a poética de Gustavo, e nela, como um brilho nos olhos a refletir. Mundo. Tanto ao alcance quanto imaginado. Que se passou, invisível, por entre os dedos no ato de transformar poesia? Lá está, no mais alto grau poético, de novo e outra vez, junto a Carlos Drummond, Mário de Andrade, outros, um Gustavo entre o visceral e o sublime, a dar mais este regalo.”

“In “A Educação do Pai” (“Father’s Education”) Gustavo’s poetics grew yet another step, and in it, like a sparkle in the eyes to reflect. The world: both within reach and imagined. What happened, invisible, through our fingers in the act of transforming poetry? There he is, in the highest poetic degree, again and again, together with Carlos Drummond, Mário de Andrade, others, a “Gustavo Goulart” between the visceral and the sublime, giving yet another gift.”

“En “A Educação do Pai” (“La Educación del Padre”) la poética de Gustavo creció un paso más, y en ella, como un brillo en los ojos para reflexionar. Mundo. Tanto al alcance como imaginado. ¿Qué pasó, invisible, a través de nuestros dedos en el acto de transformar la poesía? Ahí está, en el más alto grado poético, una y otra vez, junto a Carlos Drummond, Mário de Andrade y otros, un Gustavo entre lo visceral y lo sublime, dando un regalo más”.

“In “A Educação do Pai” (“L’educazione del Padre”) la poetica di Gustavo cresciuta un ulteriore passo avanti, e in essa, ancora di un passo, e in esso, come una scintilla negli occhi per riflettere. Mondo. Sia a portata di mano che immaginato. Cosa è successo, invisibile, attraverso le nostre dita nell’atto di trasformare la poesia? Eccolo lì, al più alto grado poetico, ancora e ancora, insieme a Carlos Drummond, Mário de Andrade e altri, un Gustavo tra il viscerale e il sublime, regalando ancora un’altra sorpresa.”

Leon Nunes – Romancista.




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Dello stesso autore di

.Estado ao Vento (2006)
.Pequenas Coisas (2009)
.Algum Mal & Outras Pequenas Coisas (2013)
.Interregnum (2020)


 
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Publicado por em 13 de abril de 2024 em Livro

 

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Mais ineditismo

O Menino

o menino que habita em mim
dá bom dia ao dia que nasce
o menino que habita em mim
desce da cama primeiro pra brincar

sem preocupação de cama
o menino que habita em mim
cheira as coisas e tem no peito estampado
um triangulo vermelho e um retângulo branco

o menino que habita em mim
dorme e acorda sob a égide da secularidade
das coisas que crescem da terra
e das águas que correm mansas

brinca sozinho com pedrinhas
olha as meninas de longe e as quer
 – já guarda desejo de homem – 
é justo com os honestos

e acolhe ofensas sem paixão alguma
colhe frutas só para si e corre
quando os outros parentes o chama
pra colher frutas para todos

o menino que habita em mim
corre por todo o dia
e à noite descansa
é o primeiro a ir para a cama

e sonha menino sonha
com a menina morena
que sabe lá da escola
o menino que habita em mim

o menino que habita em mim
observa a procissão romana
e o congado africano
nada entende

mas faz deferência a ambos
nasceu com oitenta anos
é velho como os morros e os ouros
e é espartano na vida

vive só com o que precisa
guerreia em honra à família
despreza os desordeiros
e se entristece da má poesia

o menino que habita em mim (consta)
parou um dia e ouviu um velho preto
que recitava casos antigos do estado
– e perdeu aula de matemática por isso –

mas saía pra comprar cigarros para o pai
sabia o preço e o troco – ia surpreso com o mundo
e voltava encantado com o que tinha
nunca precisou de aulas de matemática

o menino que habita em mim
parava diante de igrejas
nunca achou deus nenhum nelas
(nem procurava)

admirava-as pelo tempo que elas
diziam ter das pessoas que vieram antes
algumas eram de mesmo sangue
e ele seguia para casa

com todos os antepassados nos passos
o menino que habita em mim
nasceu lá nas famílias da Europa
mas já não tem essa memória

achava que as montanhas eram todo o mundo
e que todo mundo achava que as montanhas eram o mundo
ele mesmo não sabia que fundaria ainda
uma dinastia inteira

era filho de reis mas de temperamento simples
apiedava-se dos pobres
calava os defeitos dos outros
pedia bença à vó sem saber o que era isso

mas pedia todo dia
depois ia atrás do pai curioso
era um mundo inteiro que se abria
nem sabia que o pai continuava nele

o menino que habita em mim
regrava o dia qual relógio suíço
olhadas as horas por mineiro
mas desgovernava todas as obrigações

quando a menina morena lhe olhava um sorriso



©gustavo coutinho goulart


 
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Publicado por em 6 de abril de 2024 em Livro

 

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