Escrita
Ah se escreverei!
Claro que escreverei.
Que caído o signo
sobrevive o coração.
E não farei poesia para o convívio dos homens
dos ônibus lotados; da polifonia em pacotes
Farei versos danosos, brutais!
Nem aquele Grego
nem o tal Latino
nem o Português
são religião minha!
– que nada sei de religião –
Minha ciência?
Sou eu entre as pernas de uma mulher.
Ah se escreverei!
E não lamentarei navios…
que já há naufragados de tantos atos!
Se escreverei? Oras!
Haec sunt verba Gustavus Goulartii!
E nada quero das profecias!
as quero longe gentes,
bem longe de mim.
Um homem não pode mais viver?
Se escrevo? Claro que escrevo –
em cada nota de música
um beijo apaixonado.
Depois muda a semana
e a manchete é outra.
Que diabos precisa mais o homem?
Não é faculdade dele viver cada dia
e a cada dia fazer as tarefas de homem?
Sem chorar.
Sem lamentar.
Sem praguejar.
Que tudo isso já foi feito…
E de nada adiantou.
A vida é bravura
carne
ossos
veias
tudo
@gustavo goulart
Deguste direto da nova recolha…
21
abr